O mundo da manutenção mecânica é amplo e diversificado. Dentro dele, existem realidades de trabalho bastante distintas, especialmente quando comparamos o técnico mecânico que atua na base (onshore) com o técnico mecânico que atua embarcado (offshore).

Apesar de ambos compartilharem a mesma formação técnica e fundamentos mecânicos, o contexto, as demandas e até as habilidades exigidas podem variar significativamente.

Neste guia, vamos explorar todas as diferenças — desde o ambiente de trabalho até as competências exigidas — para que você entenda não apenas o que muda, mas o porquê de cada diferença.

1. O Ambiente de Trabalho

Técnico Mecânico na Base (Onshore)

  • Atua em instalações fixas, como oficinas, plantas industriais, fábricas, armazéns ou bases operacionais próximas ao porto.
  • Ambiente mais controlado: temperatura, iluminação, acesso a ferramentas e suprimentos normalmente melhores.
  • Possibilidade de retorno diário para casa, mantendo uma rotina tradicional.
  • A logística de peças e insumos é mais simples e rápida, pois fornecedores e estoques estão próximos.

Técnico Mecânico Offshore

  • Atua embarcado em plataformas de petróleo, navios, FPSOs ou sondas de perfuração.
  • Ambiente isolado e desafiador: exposição a salinidade, ventos fortes, vibração constante e variações de temperatura.
  • Rotina de embarque: geralmente 14×14 ou 21×21 dias (dias embarcados x dias de folga).
  • Dependência de logística complexa: peças e insumos chegam via helicóptero ou embarcações de apoio, o que exige planejamento minucioso para evitar paradas desnecessárias.

2. Tipos de Atividades

Embora as atividades mecânicas sejam semelhantes em princípios, a aplicação prática muda bastante.

Onshore

  • Manutenção preventiva e corretiva de equipamentos mecânicos antes de serem enviados para operação.
  • Testes, calibração e ajustes em condições controladas.
  • Fabricação, usinagem e soldagem de peças sob demanda.
  • Preparação de kits de manutenção para equipes embarcadas.

Offshore

  • Manutenção em campo, diretamente no equipamento em operação ou em condições reais de serviço.
  • Resolução de falhas críticas que afetam a produção de petróleo ou gás.
  • Adaptação de soluções quando peças sobressalentes não estão disponíveis.
  • Trabalhos em altura, espaços confinados e, muitas vezes, sob normas rigorosas de segurança e tempo limitado.

3. Habilidades e Competências Exigidas

Onshore

  • Conhecimento técnico sólido em mecânica geral, hidráulica, pneumática.
  • Habilidade em interpretar desenhos técnicos e diagramas.
  • Maior foco em precisão, acabamento e qualidade de montagem.
  • Comunicação e trabalho em equipe com setores de planejamento, engenharia e suprimentos.

Offshore

  • Todos os conhecimentos do onshore mais:
    • Capacidade de improvisar e criar soluções temporárias seguras.
    • Resistência física e mental para lidar com longas jornadas embarcado.
    • Adaptabilidade a condições adversas.
    • Familiaridade com normas internacionais (SOLAS, IMO, NR-37, etc.).
    • Certificações obrigatórias: HUET, CBSP, NR-33, NR-35, entre outras.

4. Segurança e Normas

  • Onshore: segue as NRs aplicáveis e padrões da indústria, mas em um ambiente com riscos mais controlados.
  • Offshore: além das NRs, cumpre rigorosos protocolos de segurança marítima e industrial. Treinamentos periódicos são obrigatórios e as simulações de emergência fazem parte da rotina.

5. Rotina e Qualidade de Vida

  • Na Base: expediente de segunda a sexta, fins de semana e feriados em casa. Mais previsibilidade na vida pessoal.
  • No Mar: longos períodos longe da família, mas compensados por folgas prolongadas. Ritmo intenso, mas convivência próxima com a equipe embarcada.

6. Remuneração

  • Geralmente, o técnico mecânico offshore recebe um salário maior, devido ao adicional de periculosidade, insalubridade e gratificação por embarque.
  • O técnico na base pode ter ganhos menores, mas com mais estabilidade de rotina e menos exposição a riscos.

O trabalho do técnico mecânico onshore e do offshore compartilha o mesmo núcleo técnico, mas a realidade prática e as competências complementares são bem diferentes.
Enquanto na base há mais controle e recursos disponíveis, no mar a adaptabilidade, o planejamento e a resiliência se tornam essenciais.

Para quem está começando, vale avaliar:

  • Se prefere estabilidade de rotina e ambiente mais controlado (onshore).
  • Ou se está disposto a enfrentar os desafios e as recompensas do ambiente offshore.

📌 Dica Final: Muitas empresas valorizam profissionais que já passaram pelos dois cenários, pois isso garante uma visão mais ampla dos processos — desde a preparação na base até a execução no campo.